O melhor caso que
nem Freud resolveria
1969.
Quem diria que esta bíblia da mentalidade judaica, acrescida de uma potente
dose de sexualidade, beirando a pornografia, poderia ter sido composta em fins
dos anos 60. A verdade é que o livro é tão atual e trata de temas tão
cotidianos de uma forma tão vívida que passa a impressão de que foi escrito na
noite de ontem.
Alexander
Portnoy, o herói retratado, é um bem-sucedido advogado da cidade de Nova Iorque
e que hoje está sentado o divã de seu analista, contando sua história. Todos
seus temores, experiências dignas de serem relatadas e problemas, talvez sem
solução, nos são expostos em duzentas e cinqüentas páginas do melhor e mais
efetivo bom humor.
Portnoy
vive numa eterna contradição consigo mesmo. Possui fortes impulsos étnicos –
amor e orgulho judeu – e desejos sexuais extremos que surgem de maneira
pervertida, mas que acabam por fazer com que ele desenvolva um forte sentimento
de culpa. Seu caráter devasso faz dele uma peça sem utilidade num ambiente de
repressão em alta escala – os Estados Unidos do auge da revolução social e
sexual –, um inválido numa terra de gente que precisa parecer sadia de corpo e
alma.
A
narração superfluida de Roth nos embala, nos comove e, principalmente, nos faz
rir com o monólogo lamentoso e hilário do personagem principal, com suas
desventuras em sua vida cheia de acontecimentos, encontros e experiências que
ele mesmo falha em perceber que teve.
A obra
fala de um advogado judeu americano dos anos 60. Muito bem. Porém, após a
leitura desta, obra olhe-se no espelho e veja se não há sobre sua própria face,
cobrindo seu rosto como uma máscara, a face de Portnoy. Afinal de contas, não
somos assim tão diferentes dele.
Altamente
recomendado.
Ricardo
Machado 14/08/2011 (lido em português)
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