Um indiano, um
tigre, um plágio
O
livro do espanhol Yann Martel é o relato de um menino indiano - chamado Piscine
Molitor Patel, “Pi” Patel - que sofre um acidente em alto mar quando o navio em
que viajava com sua família e alguns animais do zoológico pertencente a ela afunda.
Salvo
– ou não – num bote salva vidas, ele vê seu navio mergulhando nas águas do
pacífico, sem nenhum membro de sua família consigo – ou não – para lhe fazer
companhia. Entretanto, ele conta com uma zebra, um orangotango e um tigre como
colegas de viagem – ou não. E isso é apenas o início da narrativa.
Pi é
um menino muito curioso que, ainda bem jovem, decide abraçar três religiões ao
mesmo tempo: o hinduísmo, o cristianismo e o islamismo. Além do mais, por ser o
filho de um dono de zoológico, ele tem grande conhecimentos sobre a vida e o
comportamento dos mais diversos animais.
"A Vida
de Pi" é um romanceado livro de auto-ajuda. É a malfadada saga de um menino
temente a Deus e de um tigre – ou não –, ambos jogados num barco salva-vidas por 227
dias e se deparando com peixes-voadores, tartarugas, suricatas e uma ilha carnívora
(gulp!). Ou seja, é um daqueles livros imbuídos com a mensagem “se você
lutar, você conseguirá!” e alguns toques de religião e veterinária permeando a
tragédia oceânica do personagem central.
Ainda que possivelmente bom para ser
indicado para adolescentes, a aventura do super-religioso, veterinário
proficiente e explorador da national geographic Pi Patel é irreal e deixa
poucas lembranças após sua leitura. É a força vital e o desejo de sobreviver
versus um tigre e um oceano imprevisível e impiedoso, contados no melhor estilo
“filosofia para dummies”.
A obra teria sido um plágio do livro
“Max e os Felinos”, do escritor brasileiro Moacyr Scliar, segundo dizem. Basta uma rápida consulta para percebermos que a
única semelhança entre os dois livros é o fato de o personagem principal estar
preso num barco com um felino selvagem, aqui um tigre, lá um jaguar. Yann
Martel teria dito que não poderia ter escrito um plágio, pois Scliar seria “um
escritor menor que eu jamais li”. Mas não é assim que funciona. Bem, "Max and the Cats" está no mercado
americano a bem mais de 25 anos, enquanto que o livro de Martel não tem muito mais do que 10 anos.
Depois
de anos de críticas e cutucadas entre os dois, Yann colocou panos quentes na
polêmica com um telefonema a Scliar e uma tonelada de explicações à imprensa. Martel abafou, Scliar perdoou.
Comparando os dois é possível ver que não há chance de plágio na trama, fora o ambiente
retratado ser o mesmo – mar, bote, tigre. A ideia central entretanto, parece ter sido muito bem reaproveitada por Martel. A história de Pi e seu amigo Tigre se tornou uma febre mundial entre adolescentes de todas as partes e fez com que o filme virasse um grande sucesso de bilheteria, o que impulsionou ainda mais as vendas do já então best-seller e vencedor do Man Booker Prize "The Life of Pi".
Seja como for, Scliar faleceu e nos
deixou com seu legado de maravilhosas obras, Martel publicou seu segundo volume
no Brasil, “Beatriz e Virgílio”, e poucos leitores sabem da coexistência das
obras. Além do mais, o livro de Scliar continua sendo melhor.
Ricardo
Machado 05/08/2011 (lido em inglês)
Ainda não li o livro, mas assisti o filme e gostei bastante achei uma lição de vida incrível, adorei a sabedoria que o narrador do filme traz.
ResponderExcluirBjo
Oi, Rosa.
ResponderExcluirPois é, comigo é o contrário, ainda não vi o filme.
Espero que seja bom :)